Como Fazer um Planejamento Financeiro Para Compra de Um Imóvel

publicado em 06 de janeiro de 2020 | atualizado em 22/01/20
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Se você pretende comprar um imóvel para morar ou investir, o leilão é, com certeza, uma ótima oportunidade. Mas antes de realizar a aquisição, é necessário fazer um bom planejamento financeiro. E como fazer isso? Nós vamos te ajudar.

Em muitos veículos de comunicação as sugestões de “planejamento” são sempre iguais: controlar os gastos, poupar, não se endividar... Apesar de serem pontos de reflexão, essas atividades não podem ser consideradas um “Planejamento” propriamente dito. Para fazerem parte do processo de planejamento, elas precisam de, no mínimo, metas mensuráveis, ou seja, elas precisam ser definidas respondendo as seguintes questões: qual o valor mínimo que vou poupar mensalmente? Quais são as despesas exatas que vou cortar? Quantas vezes por mês poderei sair para me divertir? E qual o valor máximo que posso gastar?

Para ficar mais claro, vamos mostrar as etapas do planejamento e de que forma ele pode te ajudar na aquisição do seu imóvel.


Etapas do planejamento

Para iniciar qualquer planejamento, é necessário verificar algumas etapas, dentre elas, a definição dos objetivos, dos recursos disponíveis, das metas a serem realizadas e de um bom método de controle.


1 - Objetivos

No caso da compra do imóvel, essa é a etapa mais fácil do planejamento, afinal, o objetivo é a aquisição do imóvel. Mas para que ele seja melhor definido, é necessário especificar qual tipo de imóvel desejado (uma casa, um apartamento, um ponto comercial, uma propriedade rural, etc...), qual a sua finalidade (para morar, para alugar, para revender ou para implantar ou expandir um negócio), em quais regiões ele pode estar localizado, qual o valor máximo que você está disposto a pagar por ele e quais as melhores formas de pagamento (à vista ou a prazo).

Para definir alguns desses pontos, é importante trabalhar com a segunda etapa do planejamento.


2 – Recursos disponíveis

Essa é uma das etapas mais importantes, pois envolve o que você já tem para adquirir o imóvel. Nela, você deve colocar no papel todos os recursos financeiros que possui e todos os bens que você estaria disposto a vender.

Deve assim, levantar os valores de poupança, de investimentos, de recebimentos futuros, da venda do carro ou da chácara... Some tudo e veja o quanto você teria para dar uma entrada no imóvel ou fazer o pagamento à vista.

Com esse valor determinado, verifique se os imóveis da sua preferência estão dentro dessa faixa de preço. Se a resposta for afirmativa, você pode iniciar o processo de venda dos bens e, quando encontrar o imóvel certo, resgatar as aplicações e fazer a aquisição.

Caso o dinheiro não seja suficiente para pagar à vista, você terá três opções:

  • Junte o dinheiro total para comprar à vista;
  • Faça algumas simulações em sites de bancos e identifique quais seriam os valores de um financiamento;
  • Espere mais um pouco para juntar dinheiro suficiente para dar uma parcela maior de entrada e saldar o restante com um financiamento menor.

Independentemente de qual das três alternativas você escolher, você deverá definir METAS. E esse é o terceiro passo.


3 – Definir metas

As metas possuem algumas características que, juntas, definem o que chamamos de metas SMART. Elas devem ser:

ESpecíficas – devem dizer exatamente o que se deseja. Elas não podem ser vagas, amplas.

 Mensuráveis – devem definir exatamente o quanto precisa ser economizado.

 Atingíveis – as metas não podem ser impossíveis, pois isso acarretaria desmotivação.

 Relevantes – este ponto merece maior atenção. Explicaremos o porquê daqui a pouco . 

 Temporais – devem possuir um tempo determinado para serem atingidas.

Com base nessas características, podemos então delimitar as metas do planejamento financeiro, ou seja, analisar quanto da renda familiar estará comprometida com o desejo de adquirir o imóvel, e de que forma poderemos nos organizar para conseguir pagar o máximo de parcelas [de um financiamento], no menor prazo possível.

Podemos, assim, pensar em alguns exemplos de metas para poupar:

  • Se a família gosta de viajar duas vezes por ano, pode ser definido:
  1. Reduzir as viagens para 1 vez por ano, tendo como teto máximo de gasto o valor X (nesse cálculo, devem ser contados valores com hospedagem, transporte, alimentação e passeios) ou; 
  2. Fazer duas viagens mais baratas, se comprometendo a gastar 50% do valor das viagens anteriores, ou; 
  3. Fazer uma viagem a cada dois anos, tendo também um teto de gastos que não pode ser superior ao que já se gastava anualmente nas viagens.
  • Se existem dívidas em aberto, como com cartões de crédito ou parcelas de um empréstimo pessoal, pode ser definido:
  1. Que em cada mês deverá ser poupado X (pode ser um valor fixo ou uma porcentagem dos rendimentos) para pagamento antecipado das duas últimas parcelas, adiantando assim o prazo para liquidar a dívida, ou;
  2. Buscar alternativas, até o próximo mês, nos bancos X, Y e Z e nas Financeiras A, B ou C para encontrar meios de baratear os custos das dívidas.
  • Se forem estabelecidas metas individuais para economizar, pode ser combinado:
  1. Uma porcentagem X por mês que cada membro da família deverá guardar. A delimitação desse valor ou porcentagem deve ser discutida em família, mostrando para todos os membros o quanto é importante a colaboração de cada um. As crianças também podem ser envolvidas nas metas, definindo por exemplo que elas devem levar lanche de casa X vezes por semana ao invés de comprar na cantina. Ou;
  2. Definir, também dentro das características SMART, o uso de ar condicionado ou tempo dos banhos. O ar condicionado pode ser liberado somente a partir das 11h da manhã em ambientes compartilhados, como a sala, por exemplo. Nos quartos, o ar poderá ser liberado somente à noite. O tempo de banho deve ser definido de acordo com o suficiente para a higiene.


No caso dos objetivos individuais, devemos tomar muito cuidado quando falamos em metas RELEVANTES. Elas podem ser uma armadilha, pois podemos pensar que economizar em um café que custa R$ 3,00 não é um valor relevante. Mas quando falamos em poupar, devemos pensar grande.

Faça algumas contas do valor diário de um cafezinho:

R$ 3,00 por dia gasto com o café. Se 3 membros da família tomam um cafezinho fora, são gastos R$ 9,00 por dia.

R$ 9,00 por dia com café, multiplicados por 20 dias trabalhados mensalmente, totalizam uma despesa de R$ 180,00 por mês só com o café.

Esse valor, multiplicado pelos 12 meses do ano, representa R$ 2.160,00 gastos pela família anualmente só com o cafezinho. Quantia que poderia quitar até 2 prestações de financiamento, dependendo do valor do empréstimo.

Agora pense no mercado. Quantos itens são comprados por mês? Se em média for economizado R$ 1,00 por item, quanto seria a economia mensal? E se fossem deixados de comprar alguns produtos mais caros? O quanto se economizaria por ano? E no prazo de 5 anos?

Às vezes, achamos que um pequeno valor diário que gastamos não faz muita diferença no final do ano. Mas são nesses detalhes que o dinheiro “some” sem que percebamos.

E para saber se estamos no caminho certo, a última etapa do planejamento é o Controle


4 – Controle

Para garantir que todos estejam contribuindo como deveriam e que as metas estejam sendo alcançadas, faça uma planilha com aquilo que deveria ser economizado por mês. No final de cada mês converse com os envolvidos e coloque na planilha o que foi efetivamente economizado.

As metas, apesar de serem definidas para serem atingidas, podem ser ajustadas para cima ou para baixo de acordo com as circunstâncias e imprevistos. Mas não esqueça que quanto mais flexíveis elas forem, mais longe ficará o objetivo.

Agora que você já sabe como fazer o Planejamento Financeiro, coloque em prática. Só mais uma dica: busque colocar os valores poupados em uma conta a parte para que não se misture com as contas da casa. E não se esqueça que, no planejamento, é importante deixar reservado um valor para imprevistos, ok?